“Kindala! Que o amanhã não seja só um ontem com um novo nome” foi o tema do enredo apresentado pela tradicional Sociedade Rosas de Ouro durante seu desfile oficial, nesta sexta-feira (17), em São Paulo. A azul e rosa falou sobre a luta do povo preto em busca de respeito e igualdade, começando na escravidão e passando pelos principais acontecimentos das últimas décadas.
A palavra “Kindala” faz parte do idioma bantu e significa “agora”.
O desfile leva assinatura de Paulo Menezes e embalado por um samba que perdeu as eliminatórias no carnaval 2006, quando a escola levou para a avenida “A Diáspora Africana, um crime contra a raça humana”.
Na comissão de frente, um grande veículo cenográfico trouxe na parte superior a representação de um navio negreiro. Sua movimentação pendular se dá pelo impulso dos componentes, que ao movimentarem a peça, sugere o balanço do navio navegando. Sua decoração lembrava um navio velho, antigo, gasto pelo tempo, carregando com ele as dores dos negros que ali estiveram. O piso e a lateral da parte inferior são estampados com figuras de caveiras amontoadas em referência aqueles que um dia foram jogados ao mar.
À frente da alegoria esculturas de esqueletos humanos passam a impressão de serem de ferro, para reforçar a força e resistência da raça. A bateria de mestre Rafa veio vestida de “Guerreiros de Zumbi”, em referência ao Quilombo mais reconhecido da nossa história.
A Roseira fez um resgate e mostrou que a África é o berço da humanidade, habitada por vários povos diferentes que construíram Impérios e Reinos prósperos, organizados, complexos e plurais. Mas também refletiu sobre a escravidão e os quilombos. E não deixou de destacar a importante contribuição cultural dos povos africanos na nossa história.
O último carro, “Resistir para Existir”, era formado por algumas estruturas de ferro vazadas, amontoadas e colocadas de forma que nos remetam aos barracos das favelas. De acordo com a direção da escola, foi uma opção pensada para mostrar que os pensamentos na favela não ficam ali aprisionados, eles são libertos. A alegoria trouxe também diversas imagens de personalidades negras: Gloria Maria, Marielle e outros.
Everson Sena e Isabel Casagrande foram o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira e a canção é dos poetas Arlindo Cruz, Fabiano Sorriso, Pedrinho Sem Braço, Paulinho Sampagode e Osmar Costa.
Assista a largada do desfile da Rosas de Ouro: